quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O SUJEITO ENCONTRA BILLIE HOLIDAY


Ela exagera nas doses de arrepios em pó
Segue emagrecendo, maquiando as olheiras azuis da Turquia

Desaparecem os comprimidos de paixão
e todo o carinho nos braços roxos: resta
apenas insuficiência de sono
            e uma vontade de comer nada
 
            não grita
            não treme
            não se joga do quadragésimo andar

Tão somente sem logos quase flamba a pele

No vácuo das seringas sem beijos alucinados
                                  sem viagens de olhos fechados
                                                       nem mãos esfumaçadas escorrendo por si

                                         Just open the mouth and sing the blues
                                         lady sing the blues...
                                        

O SUJEITO SENTE

Há milênios
em continente seguro vedado
foi entregue a um mar qualquer por mãos sedentas de transmissões e
iniciou, perdido de mim, sua trajetória.

Em algum futuro, verão,
estará desaguado em areias presentes,
será um mural intransponível
violado por curiosidades breves.

Alimento fútil de alguma civilização
“Eu” numa exposição de museu.